Lá nos anos 90, quando Arquivo X fazia muito sucesso, eu era apenas uma criança muito apaixonada pela série e ficava num misto de assustado e maravilhado com as histórias contadas. Aquela atmosfera claustrofóbica causada tanto pelo roteiro quanto pelas atuações e trilha sonora sempre andaram comigo. Eu tinha TV a cabo pirata então acabei entrando em contato com outras tantas outras séries que surgiram. O mesmo criador de Arquivo X, Chris Carter, fez uma aposta ousada ao vir com o seriado Millennium. O foco aqui era diferente: um investigador paranormal que enfrentava uma guerra contra a maldade humana e, com isso, assassinos brutais, seitas, grupos secretos que desejavam o fim dos dias.
Como disse, foi ousado e causou muito burburinho pois era algo pesado para a TV americana da época. O personagem principal, Frank Black, tinha um computador por onde ele acessava diversos dados que o ajudam em seus casos e para acessá-lo ele tinha que falar uma frase. Uma frase que não posso dizer qual é, mas que não só me leva ao filme de hoje como é o clímax desse filme. "No Mundo de 2020" é esse grande longa metragem de ficção científica distópico que ficou na minha cabeça por décadas até que uns meses atrás finalmente o assisti (após maratonar Millennium).
Em 2022 a sociedade encontra-se em total declínio. As cidades estão superpovoadas, com pessoas literalmente atiradas em todos os cantos. A pobreza é algo comum. Não existe ar limpo, água potável e a comida é uma ração colorida chamada "Soylent". Cada uma das cores promete algum tipo de nutriente, sendo a esverdeada a "cor da vez".
O policial Robert Thorn, sempre sujo e suado interpretado por Charlton Heston, é um canastrão que precisa investigar a morte de um rico que, a princípio, parecia ter sido apenas assassinato. Porém, Thorn descobre que existe toda uma teia de motivações por trás disso. A própria morte em si, quando mostrada, é suspeita pois a vítima não se defende, parecendo estar bem com a situação, fato que o policial também percebe.
São nessas circunstâncias que somos deixados a descobrir o que está acontecendo nessa sociedade, em que mulheres são vistas como mobília para homens ricos, os pobres se amontoam em qualquer canto da rua por falta de espaço e de trabalho e até mesmo o mais básico do básico, um banho, é algo incomum até mesmo para o policial que vive numa casa decadente e precisa cumprir dupla jornada de trabalho. Não existem heróis, mocinhos, apenas pessoas tentando sobreviver em um mundo cansado e praticamente morto.
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