#240 Mensageiro da Morte (1979)

 

Esse filme estava no meu radar desde que vi The Mafu Cage (1978) com a maravilhosa Carol Kane. Ela tem uma performance tão encantadora, ao mesmo tempo que devastadora naquele filme que queria assistir tudo com ela. Aqui, em Mensageiro da Morte, não é diferente. Seus vinte minutos iniciais em tela são de dar ansiedade na pessoa mais calma do mundo de tanta verossimilhança que ela consegue passar enquanto ameaçada por sabe-se lá quem. Acredito que já disse aqui em algum texto que filmes de psicopatas, assassinos em séries ou invasão domiciliar me deixam realmente apavorada por ser um tipo de horror que está muito perto da nossa realidade e muito passível de acontecer. Crimes de invasão acontecem aos montes e quando se é mulher, estando praticamente só em casa e ainda sendo desacreditada pelas autoridades, aí que a coisa complica mesmo. 

O filme começa com um casal, os Mandrakis, se arrumando para sair enquanto abre a porta para a babá Jill Johnson (Carol Kane). O casal se despede da babá enquanto lhe dá algumas instruções. Enquanto as duas crianças já estão no quarto dormindo, Jill está no telefone com uma amiga falando sobre algum garoto, a ligação se encerra e logo em seguida o telefone toca novamente. Ela atende e ninguém fala. Novamente o telefone toca, Jill atende e no outro lado da linha uma voz de homem pergunta se ela já foi verificar as crianças. Ela acha que é uma brincadeira e não sai do lugar. Novamente ligam e fazem a mesma pergunta, só que as ligações vão ficando mais frequente e insistente, ela então decide ligar para o restaurante em que o casal foi para saber se é o Dr. Mandrakis quem está ligando, só que lá informam que eles saíram já faz tempo. Intrigada mais ainda, ela decide ligar para a policia que descarta a seriedade da ameaça, mas decidem rastrear a ligação, no entanto, Jill tem que ficar com ele na linha por um determinado tempo. Ele liga de novo e ela puxa assunto, as respostas do dito cujo vão deixando a moça mais apavorada e logo após a conversa, a policia liga de volta dando ordem para ela sair imediatamente da casa pois a ligação estava vindo de dentro do imóvel. Apavorada, ela começa a subir as escadas para verificar as crianças e a sombra do intruso aparece. A cena é cortada e já aparece a casa cheia de policiais com os Mandrakis chorando. Sem conhecimento dos donos da casa e da babá, o intruso marinheiro mercante inglês, chamado Curt Duncan (Tony Beckley), matou as duas crianças. 

Se passaram sete anos e ficamos sabendo que Curt Duncan foi a julgamento, mas foi considerado insano ficando assim detido num manicômio, só que agora ele fugiu e o antigo delegado do caso, John Clifford (Charles Durning), foi contratado por Dr. Mandrakis (Carmen Argenziano) para que de forma particular investigue e ache Duncan para mata-lo. Até aqui, tudo bem. E não vou ficar repetindo o mesmo que já disseram milhares de pessoas sobre os vinte e poucos minutos iniciais do filme, que é genial sim, embora não seja original, já que o roteiro é baseado na velha lenda urbana “the baby-sitter ante the man upstairs” e tem quase o mesmo mote de Noite do Terror (1974) sobre um psicopata que aterroriza moças com ligações estando no mesmo ambiente delas. Depois desse começo eletrizante, outros personagens e inclusive o próprio Ducan, entram na trama e passam a serem desenvolvidos ao mesmo tempo em que há uma quase obsessiva investigação e perseguição por conta de Clifford. Duncan virou seu motivo de vida e o investigador me fez lembrar muito a obsessão do Dr. Loomis em ir atras de Michael Myers. Clifford coloca em risco até sua carreira quando confessa para um antigo amigo policial e companheiro daquele dia fatídico há sete anos que ele quer agir sozinho pois seu objetivo é acabar com a vida de Duncan. 

Não dá para falar desse filme sem destacar como incrível é o elenco e já disse o quanto Carol Kane se destaca aqui. Sua personagem é tão crível e se desenvolve tão bem que logo nos desperta a empatia de querer vê-la se livrar de todo aquele pesadelo. O próprio antagonista que faz o psicopata Duncan, quando aparece de verdade de uma forma quase humanizada e frágil, faz a gente ter quase pena dele, mas esse é o papel dos insanos, não é? Nos manipular fingindo uma certa fragilidade, simpatia e até abobamento. Isso fica tão claro no olhar do ator Tony Beckley. Uma salva de palmas para ambos. Claro, sem esquecer de mencionar também o trabalho do diretor e escritor Fred Walton que no inicio dá seu tom com passeios de câmera focando tanto no olhar de Carol Kane quanto em sua respiração. Mesmo com uma considerável queda no meio do filme, acho que não consegue comprometer o todo pois todo o trabalho do inicio foi plantado para nos deixar curiosos com o fechamento daquele enredo e daquela trama de gato e rato. 

Ah, o filme tem o titulo original de When a Stranger Calls e você pode achar o titulo nacional dele como Mensageiro da Morte ou como Quando um Estranho Chama, que é também o mesmo titulo brasileiro para o remake de 2006.






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