#297 Um lugar silencioso (2018)



De uns tempos para cá o povo tem usado o termo Post Terror para definir esse terror inovador que tem sido feito (The Witch, It Follows, Corra!, Raw e afins), o que eu acho meio bizarro, visto que nas décadas de 60 e 70 já tínhamos coisas como O bebê de Rosemary e Inverno de sangue em Veneza. Acho que Um lugar silencioso entra nessa categoria porque consegue usar elementos novos, mesmo com temáticas já batida. 

O cenário é pós-apocalíptico (senti a mesma vibe de It Comes At Night, outro que adoro, por conta do isolamento), e as pessoas precisam ficar em silêncio absoluto, senão são atacadas por criaturas. O silêncio em si é um ponto interessante, visto que a maioria dos filmes do gênero trabalha com gritos, com portas rangendo e etc. São poucos diálogos e a trama se sustenta nas ótimas atuações. 



A vida da família segue uma tradição: a mãe cuida das tarefas de casa, enquanto o pai vai atrás de alimento e enfrenta perigos. Em dado momento a filha pede para acompanhá-lo em sua saída, mas ele diz que ela tem que cuidar da mãe, e leva o filho, mesmo ele deixando claro que não gostaria de sair. 

O pai quer "treinar" o filho para tomar conta da situação caso ele se ausente. Há bastante foco na questão da proteção de uma família, os pais tentando ser responsáveis pelos filhos, mas numa das cenas mais tensas do filme as crianças se viram sozinhas. E no fim das contas, são as mulheres que controlam a situação e descobrem uma forma melhor de sobreviver. 



Stephen King escreveu em Dança Macabra essa relação do terror com os medos da sociedade, como os de temática satanista nos anos 70 pós-Charles Manson e filmes de ficção científica durante a corrida espacial. Um lugar silencioso retoma a questão do medo que "vem de fora" e como sobreviver em um novo ambiente hostil. 


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