O México tem uma longa jornada com filmes de terror, mesmo que na boca da gente se sobressaia nomes como Carlos Enrique Taboada ou Guillermo del Toro, foi ainda na década de 1930 que Juan Bustillo Oro realizou filmes de gênero sendo até considerado o pai do terror mexicano. No entanto, para os entusiastas e fãs do gênero, nomes como Juan López Moctezuma (Alucarda) ou Chano Urueta (O Barão do Terror) não passam despercebidos. Assim como também os mais contemporâneos como Issa López, Gigi Saul Guerrero, Isaac Ezban, entre tantos outros.
E aqui estamos nós, de volta ao gênio chamado Santiago Eduardo Urueta Sierra Rodriguez AKA Chano Urueta, sim, sempre vou enaltecer qualquer nome que estiver ligado ao filme Barão do Terror, uma criatura vingativa e linguaruda pavorosa. No mesmo ano que dirigiu esse filme, Urueta realizou também O Espelho da Bruxa, dois filmes considerados da época de ouro do cinema de terror mexicano e que traz mais uma história de vingança e bruxa, só que dessa vez, uma bruxa gentil e benévola.
Sara (Isabela Corona) é governanta na casa do casal Eduardo (Armando Calvo) e Elena (Dina de Marco), ele é um cirurgião e Elena sabe da condição da governanta a quem chama também de madrinha. Sara, muito atenta, desconfia de alguns comportamentos de Eduardo e conjura um espelho mágico para prever o futuro. É quando elas descobrem que Eduardo tem uma amante e planeja matar a esposa para trazer a mulher para morar em sua casa. Sara tenta ajudar com um feitiço, mas vozes dizem a ela que Elena não poderá fugir de seu destino. O Marido então a envenena. Sem remorso algum, pouco tempo depois ele se casa novamente e traz Déborah (Rosa Arenas) para a casa, porém Sara ainda permanece na casa e promete a Elena se vingar dos dois, mas sua vingança atinge a nova esposa de Eduardo e é quando ele vira uma espécie de Dr. Frankenstein na tentativa de reavivar a beleza da esposa que foi sofreu queimaduras horríveis graças a vingança de Sara.
Bom, a partir daí o filme vai ganhando contornos de filme policial, investigativo, vingança, fantasma e gótico. Sombras que aparecem do nada refletidas nas paredes, ventos estranhos e gelados, piano que toca só, incêndios do nada e até invocação de satanás. Não é difícil pensar estar vendo aqueles clássicos antigos da Universal em preto e branco ou até algum filme do Expressionismo Alemão, onde toda e qualquer presença em tela tinha a impressão de ser um mal assombro. Claro que tudo aqui é muito mais intenso e as vezes até caricato, isso não é uma reclamação, eu até gosto demais desse estilo e acho que dá muita personalidade às obras. Fica até fácil de identificar se tratar de um filme mexicano.
O que mais me impressionou, além de tudo já pontuado acima, é como Urueta consegue amalgamar tantas linguagens, elementos e viradas em apenas 75 minutos de filme. Obrigada filmes curtos, as vezes só vocês podem nos salvar! Você consegue perceber também muito do universo criado por Edgar Allan Poe e Hitchcock e quando Eduardo vira o cientista maluco que quer salvar sua amada, ela, já em processo de experiência, lembra muito Édith Scob quando estava num processo parecido com seu pai em Olhos sem Rosto de 1960. O Espelho da Bruxa é verdadeiramente uma obra que consegue homenagear tantas outras e ainda assim ser original. Recomendo demais!
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