#318 Um Espírito Presente (2019)

Um Espírito Presente 

2019 - EUA colorido, 95 minutos

Direção e roteiro: Toby Poser e John Adams

Co-direção: Zelda Adams

Elenco: Zelda Adams, Toby Poser, John Adams, Shawn Wilson, entre outros e outras

Me é impossível iniciar esse texto sem tecer uma severa crítica ao título recebido por este filme em terras brasileiras, que passou do forte "The Deeper You Dig" (Quanto Mais Fundo Você Cava, em tradução literal) para um insosso "Um Espírito Presente", nome que remete à comédias românticas adolescentes com tema sobrenatural e resultados geralmente duvidosos, o que, felizmente, não acontece com este aqui, cuja trama é pra lá de simples: Ivy (Toby Poser), mãe solo de Echo (Zelda Adams), ganha a vida como taróloga e se aproveita da confiança dos clientes e das clientes para fazer um dinheiro a mais, afinal, pessoas que querem se comunicar com entes queridos mortos aparentemente são pessoas fáceis de enganar. 

Uma noite, durante uma sessão, Ivy tem a impressão de ouvir a filha sussurrar um pedido de desculpas a ela, que, sabendo da fraude que é, acha que se enganou. Mais cedo naquele dia, Echo a tinha convidado para andar de trenó à noite, atividade da qual declinou por ter uma sessão marcada, afinal, dinheiro é bom, todo mundo precisa e sim, gosta. O problema (porque sabemos, sempre existe um) é que a voz que Ivy ouviu realmente pertencia a Echo, que fora atropelada naquele exato momento na estrada por Kurt (John Adams), um vizinho solitário, que, distraído por um bando de veados que atravessavam a estrada, se abestalha e atropela o que pensa ser um deles, para logo depois descobrir que era uma pessoa. Assustado, ao invés de comunicar o ocorrido à policia, Kurt leva a vítima para a casa onde mora, um imóvel caindo aos pedaços que ele está reformando na intenção de revender e como tudo o que está ruim pode piorar, ele descobre que Echo está viva. Não, isso não é ruim, péssimo mesmo é que Kurt, que já estava assustado, se desespera e sufoca a adolescente até a morte. Iniciam-se a partir daí duas situações distintas, a procura de Ivy pela filha e as atitudes cada vez mais impensadas de Kurt para se desfazer do cadáver da garota enquanto é assombrado pelo fantasma da mesma, que ao mesmo tempo envia sinais à mãe sobre o que realmente aconteceu, o que faz com que Ivy acerte contas com o seu passado sensitivo, ao mesmo tempo em que percebe a horrível verdade e Echo, que igual as pessoas de sua idade, só queria se divertir, agora, depois de morta, executa uma inesperada vingança.

Um Espírito Presente (que título hor-rí-vel, senhor) é mais um filme de baixo orçamento e roteiro cativante da lavra da Família Adams, não a de Wandinha, mas, a que vemos em tela na maior parte do tempo, pois John Adams (Kurt) e Toby Poser (Ivy) são pais de Zelda Adams (Echo) e Lulu Adams (que não aparece em tela, mas, recebe calorosos agradecimentos nos créditos finais) e já há algum tempo chamam a atenção dos fãs e das fãs do horror por conta de suas produções simples e bem ordenadas, que, não bastassem ser boas, provam para quem quiser ver que milhões de dólares no orçamento ajudam qualquer produção, mas, quando não se tem acesso a isso, um bom roteiro costurado à boas soluções práticas podem sim, fazer o sonho de se tornar cineasta se realizar. Com boas interpretações de seu elenco principal e boas escolhas de ângulos e locações (quem assistiu Hellbender vai reconhecer algumas aqui), Um Espírito Presente permanece nos corações daqueles e daquelas que tencionam contar histórias projetadas em tela e acham que jamais poderão fazê-lo por falta de dinheiro. Vale.






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