#363 Halloween III - A Noite das Bruxas (1982)


Halloween III - A Noite das Bruxas

EUA - 1982  colorido, 98 minutos

Direção: Tommy Lee Wallace

Roteiro: Nigel Kneale e Tommy Lee Wallace

Elenco: Tom Atkins, Stacy Nelkin, 

Dan O'Herlyhy, Al Berry, Ralph Strait, Jadeen Barbor, Garb Stephens, Esses Smith, Maidie Norman, entre outros e outras.

Primeiro de tudo, apesar do título, este não será o filme que os fãs a as fãs da franquia esperam, Haddonfield sequer é citada e nem Laurie Strode ou Michael Myers aparecem em cena, pelo menos, não da maneira que se espera. Até a trilha sonora clássica foi substituída, ainda que por uma com melodia tão pegajosa quanto à original composta por John Carpenter para o filme de 1978 (dessa vez com autoria do próprio e Alan Howarth) e não, não há um serial killer aqui, mas, temos sim um vilão digno de nota, com uma ideia decididamente doente sobre o que fazer na noite do Halloween e apesar da ausência dos personagens icônicos dos filmes anteriores (lançados em 1978 e 1981, respectivamente), este é um bom filme de terror, para reconhecer isso, é preciso se despir de todo orgulho e ranhetice, desculpar o desatino dos produtores em ousar vendê-lo como parte da franquia e ser muitíssimo feliz durante pouco mais de uma hora e meia. 


Lembrem do que a está altura dos acontecimentos, a ideia de Carpenter era de que os filmes tivessem vida própria e não tivessem para sempre uma ligação com Michael e sua sanha assassina. Convites foram feitos, contratos foram firmados, o roteiro original de Nigel Kneale foi reescrito por Carpenter e Tommy Lee Wallace, diretor do filme , resultando numa obra que se talvez tivesse sido lançada como um derivado da série original, poderia ter aberto o caminho para uma bem sucedida franquia antológica, isso não aconteceu, o público não aceitou bem a proposta e o filme naufragou nas bilheterias. Coisas da vida.

Estamos a uma semana do Halloween, Harry Grimbridge (Al Berry) está desesperado a fugir de algo ou alguém e seja lá do que ou de quem for, o homem não larga de jeito nenhum uma máscara relacionada à festa que segura fortemente em uma das mãos. Após lutar contra desconhecidos polidamente vestidos e nada afeitos à piedade, Harry pede ajuda em uma loja, de onde é levado a um hospital e fica aos cuidados do Dr. Dan Challis (Tom Atkins), médico cujo casamento foi pra vala (atenção para a participação de Nancy Loomis/Kyes como a ex-esposa, que, após participar dos dois primeiros filmes, só voltaria à franquia décadas depois, em Halloween Kills e Halloween Ends) e que agora quer apenas ser um pai mais presente na vida dos filhos, com resultados pouco satisfatórios, saliente-se. 

Não sabe o bom doutor que seus problemas não são absolutamente nada comparados à tragédia que se avizinha, quando um outro homem polidamente vestido invade o hospital e mata o pobre Harry para logo depois se imolar no estacionamento do local. Ellie (Stacy Nelkin), filha do falecido, acha muito suspeita e não sem razão, a morte do pai e o subsequente suicídio de seu assassino. Ela e Challis, que também desconfiava de algumas coisas que estava a testemunhar, acabam forjando uma aliança que os levam a uma investigação numa outra cidade e a um clichê básico em qualquer gênero, um relacionamento amoroso que hoje em dia chama a atenção pelo fato de Challis ter, no mínimo, o dobro da idade de Ellie, mas, como diria o jornalista, tergiverso. 

Uma vez em Santa Mira (sem Haddonfield aqui, já avisei), a cidade para onde acabam por se dirigir, os dois descobrem que o lugar, antes uma cidadezinha como qualquer outra, alcançou imenso sucesso financeiro com a chegada da Silver Shamrock, uma fábrica de máscaras de Halloween cujos produtos estão na crista da onda, fazendo a cabeça de milhões de crianças do país e o que aparenta ser apenas um caso de sucesso empresarial esconde segredos cabulosos. Santa Mira é administrada por Conal Cochran (Dan O'Herlihy, excelente), um misterioso empresário que controla o lugar com mão de ferro e cujos reais planos transcendem toda e qualquer normalidade, fazendo com que Challis e Ellie, tendo a nós por testemunhas, enfrentem um perigo peculiar numa trama que equilibra suspense, terror e ficção científica onde as mortes não abundam, mas, são cabulosas, em um filme com final aterrador, para dizer o mínimo.

Como dito no início do texto, aqui não teremos Michael Myers, Laurie Strode ou o Dr. Loomis, na verdade, em Halloween 3, igual à realidade, o original de John Carpenter é tratado como um clássico do cinema de horror cuja chamada para a exibição na tv, programada para a noite de Halloween, passa duas vezes durante o filme e apenas na segunda ouvimos a trilha original de Carpenter, mas, não se preocupe, o jingle mais do que pegajoso das máscaras Silver Shamrock, tocado à exaustão, vai te acompanhar para todo o sempre, acredite.

Um filme injustamente odiado por muitos e muitas por conta de um equívoco crasso de seus produtores, mas, que pode e deve ser visto como uma obra independente da franquia original, pois, percebida assim, nada fica a dever ao que faz de um filme de terror um bom filme. Recomendo de com força.

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Não, esse texto não terminou, na verdade, o que termina é a minha participação neste ousado projeto, que durante um ano inteiro trouxe ao público do horror textos diários escritos por e para fãs do gênero, uma equipe afiada e diversa com gostos tão similares quanto diferentes e que por isso mesmo, se completavam. Obrigado Michelle Henriques e Jéssica Reinaldo pelo convite e pela confiança. Obrigado, Tati Regis, por não ter me deixado desistir e obrigado, Ale Oliveira, pelas nossas saudáveis diferenças. Obrigado também a Yasmine Evaristo, Emanuela Siqueira, Clara Gianni, Fabrina Martinez, Dani Häangi, Tiago Miranda, Emanuel Cantanhêde, Maitê Mendonça, Átila Joly, Renato Galavotti Filho, suas colaborações enriqueceram o blog sobremaneira, que nunca vos falte inspiração. E obrigado a vocês, leitores e leitoras do 365 Filmes de Horror, esse projeto foi feito pensando em todos e todas vocês. 

Tamo junto, que venham outros momentos.









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